quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Joaquim Távora - Trabalhador morreu vítima de asfixia mecânica, aponta IML

 

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) em Londrina atestou que o operário Edson José de Almeida, 31 anos, morreu vítima de asfixia mecânica. Ele sofreu um acidente de trabalho e foi soterrado por 30 toneladas de farelo de soja em um silo da unidade de ração do Grupo Pioneiro, em Joaquim Távora, na manhã de quarta-feira (23).

A autópsia do legista contradiz o atestado de óbito do médico plantonista do Hospital Lincoln Graça, Aurélio Filipak. O clínico-geral atestou que Almeida teria morrido em decorrência de um infarto. Como se tratava de causas naturais, o corpo foi liberado para o velório, sem qualquer tipo de investigação. Somente no final da tarde, após evidências do soterramento, a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso e determinou o encaminhamento do corpo, que já estava sendo velado, para o IML.
O delegado da comarca de Siqueira Campos, Juliano Fonseca, que responde cumulativamente pela 35ª Delegacia Regional de Polícia (DRP) de Joaquim Távora, durante as férias do delegado Rubens José Perez, informou que acionou a Polícia Científica para fazer uma perícia nas instalações para saber se houve falha humana ou mecânica.

Informações de que o trabalho seria insalubre, com riscos para os funcionários, apontam para uma possível negligência da empresa. “Temos informações que o equipamento estava com problemas, que era comum a carga ficar parada e os funcionários terem que desobstruir. Vamos ouvir os funcionários e os representantes da indústria para saber se isso procede. Se for confirmado, vamos querer saber há quanto tempo esse problema persistia e por que não foi sanado”, detalhou a linha de investigação o delegado.
Os envolvidos no caso ainda não foram ouvidos. O irmão mais novo, Mateus Sebastião de Almeida, 28 anos, que trabalha na mesma função na Pioneiro, adiantou que vai entrar com um processo indenizatório contra a empresa e vai querer saber o motivo do médico da cidade ter atestado infarto como a causa da morte. “Todos sabiam que meu irmão foi soterrado, inclusive ele foi resgatado em pé no meio do farelo. Como e por que um médico assina um documento atestando uma mentira descarada?”, questiona.
Segundo Mateus, o compartimento por onde a carga de farelo é despejada mede 40 por 40 centímetros, com aproximadamente 6 metros de altura. “É de alvenaria, como se fosse uma chaminé, com uma porta pequena em baixo. Quando o farelo travava, a gente tinha que entrar lá dentro e bater com um rodo e sair rápido, antes que tudo desabasse. Infelizmente, ele [irmão] não conseguiu”, lamentou.
O corpo de Almeida foi velado na manhã desta quinta-feira na casa da família, no bairro Asa Branca, e enterrado sob forte comoção às 10 horas no Cemitério Municipal de Joaquim Távora. Era solteiro e deixa os pais e três irmãos. 
tanosite

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