Nos últimos dois dias, a Corte ouviu em Santiago representantes do governo brasileiro, a viúva, Iracema Garibaldi, e representantes das organizações não governamentais Terra de Direitos e Justiça Global, que junto com a Comissão Pastoral da Terra e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) levaram o caso adiante. O Brasil tem 130 casos denunciados à OEA, dos quais sete foram aceitos pela Corte, uma espécie de segunda instância da convenção de direitos humanos da Organização, com competência para responsabilizar os envolvidos, fazer recomendações que reparem os danos causados e determinar o cumprimento de suas decisões pelos países signatários de sua convenção. O Brasil aceitou a jurisdição da Corte em dezembro de 1998.
A sentença, que no episódio de Garibaldi deve sair em até seis meses, tem efeito mais moral do que punitivo. Mas a condenação representa uma reprimenda internacional pela sua incapacidade de enfrentar as sistemáticas violações e de combater a impunidade. Na avaliação do coordenador da Terra de Direitos, Darci Frigo, como o país reconhece a Corte, supõe-se que executará a sentença como se fosse uma ordem judicial. Ele entende, ainda, que a reabertura do caso às vésperas da audiência da OEA é uma confissão de culpa, uma forma de o Estado dizer que não deveria ter sido arquivado. O reinício das investigações, no entanto, não deve suspender a decisão dos juízes da Corte.
Cronologia
Veja os acontecimentos que culminaram com o julgamento na OEA:
27 nov 98 – Vinte pistoleiros encapuzados entram no acampamento do MST na Fazenda São Francisco, às 5 horas, dizendo-se policiais. Sétimo Garibaldi recebe um tiro na coxa e morre sem atendimento.
09 dez 98 – O Ministério Público inicia as investigações.
06 mai 03 – A CPT, Justiça Global, MST e Terra de Direitos enviam petição à OEA denunciando a morosidade nas investigações e a suspeita de conivência de agentes do Estado.
12 mai 04 – Depois de quase seis anos, o Ministério Público requer o arquivamento do inquérito policial, pedido que foi aceito pela juíza Elisabeth Kather.
24 dez 07 – O caso é submetido à Corte da OEA.
20 abr 09 – A dez dias da audiência da Corte, o MP solicita a reabertura do caso.
30 abr 09 – Conclusão da audiência iniciada no dia anterior pela Corte em Santiago do Chile.
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